O ano era 2015 quando uma das tags de leitura temáticas mais legais ganhou a internet. O universo de Hogwarts inspirou os leitores da época para compartilhar dicas de livros associando-os aos feitiços praticados pelo bruxinho mais famoso do planeta. Hoje, quase 10 anos depois, decidi reviver a book tag Feitiços de Harry Potter para comemorar o aniversário dele, celebrado no dia 31 de julho.
Um dos aspectos mais interessantes de participar dessas tags na época eram certamente as interações entre as pessoas. Além de os blogueiros criarem as próprias publicações, era comum que também interagissem com as feitas por outros, o que fortalecia a comunidade. Esse comportamento gerou boas amizades e descobertas de livros interessantes para as próximas leituras.
Um livro para cada feitiço
A book tag Feitiços de Harry Potter reúne dez temas, cada qual relacionado a um dos principais feitiços apresentados na saga. O objetivo é indicar um livro para cada temática, explicando o porquê da escolha e fazendo uma pequena resenha de cada obra. Era uma forma de fugir das listas de mais vendidos e descobrir as histórias favoritas das pessoas, despertando uma curiosidade maior sobre as obras.
Importante ressaltar que a tag independia da mídia de conteúdo. As pessoas produziam materiais em textos ou vídeos, conforme preferissem. Inclusive, é possível encontrar vários conteúdos da época com uma busca pela tag no Google.
Book Tag: Feitiços de Harry Potter
Confesso que tive certa dificuldade para responder essa tag atualmente. Eu já tinha um esboço pronto, mas precisei alterar a maioria das minhas indicações da época para incluir livros lidos mais recentemente ou mesmo pela mudança de perspectiva sobre alguns aspectos. Dito isso, segue a minha participação na book tag Feitiços de Harry Potter.
1- Expecto Patronum: Um livro relacionado a boas memórias
“O menino no espelho” (1982), de Fernando Sabino, é uma coletânea de contos sobre a infância do autor. São histórias contadas sob a perspectiva do menino, que retratam todo o universo de fantasias, aventuras, amores platônicos e travessuras típicas dessa fase da vida. É um livro pequeno, tem apenas 176 páginas, e fácil de ler, exatamente por trazer essa visão e linguagem mais infantil.
Eu diria que “O menino no espelho”é uma leitura para relaxar e se lembrar da própria fase de criança. São boas histórias para acompanhar uma tarde de domingo, com um bom cafezinho do lado. Ele faz o leitor retomar as memórias de criança por meio das próprias lembranças do autor.
2. Expelliarmus: Um livro que te pegou de surpresa
Sabe quando todas as pessoas dizem que um livro não vale tanto a pena, mas você o compra mesmo assim para ter suas próprias impressões? Esse foi meu caso com “Melancia” (1995), da escritora Marian Keyes. Quando comprei a obra, não tinha tantas expectativas devido aos comentários de amigas próximas, tanto que demorei alguns anos para colocá-la entre as minhas leituras.
É uma história bobinha, disseram. Realmente o é. “Melancia” é mais um desses romances água com açúcar, excelentes para passar o tempo. No entanto, eu me diverti bem mais do que o esperado. A narrativa simples conseguiu trabalhar o clichê “mulher trocada pelo marido após o parto da filha descobre um grande amor após voltar para a terra natal” de uma forma bem atrativa. Impossível não se envolver com os personagens e entender os dramas da personagem principal, especialmente se você já chegou aos 30.
3. Prior Incantato: O último livro que você leu
Voltar para o universo criado por Tolkien é sempre uma alegria para mim, pois me lembram da minha adolescência e de uma época em que eu era bastante sonhadora. Por isso, quando terminei “O Hobbit” (1937) recentemente, estava com o coração alimentado e pulsante. Se você não conhece as histórias do autor, essa narrativa precede a trilogia “O Senhor dos Anéis” e conta as aventuras de Bilbo na Terra Média em busca de recuperar o reino e, consequentemente, o tesouro dos anões.
Um fato interessante sobre esta obra é que, ao contrário de “O Senhor dos Anéis”, tem uma linguagem e estilos mais acessíveis. Seria um livro para ler com crianças um pouco maiores, inclusive. Isso torna a leitura mais rápida, menos enfadonha para quem não gosta de textos complexos e muito envolvente.
4. Alohamora: Um livro que te apresentou a um gênero que você não tinha considerado antes
Minhas leituras sempre giraram em torno do gênero narrativo, meu preferido e pelo qual sempre acabo optando. “Hamlet” (1623), com seu estilo teatral, não apenas me colocou em contato com o estilo dramático, mas me fez considerá-los melhor para as minhas leituras seguintes. A obra é um clássico do poeta e dramaturgo William Shakespeare, que vale a pena ser lida tanto pela riqueza literária quanto pela mensagem que a peça leva aos leitores.
Ela conta a história de “Hamlet”, príncipe dinamarquês que se vê entre dilemas éticos e morais após se sentir obrigado a vingar a morte do pai pelo tio. A narrativa aborda questões, como incesto, traição, revanche e devassidão; sendo conhecida por consagrar a famosa frase “ser ou não ser, eis a questão”.
5. Riddikulus: Um livro engraçado que você leu
Eu não tenho o costume de ler livros de comédia, então meu repertório nesse estilo é praticamente zero (aceito indicações!). Mas uma leitura que foi bem divertida, tanto pelo estilo leve quanto pelas experiências da personagem principal, foi o livro “O Diário da Princesa” (2000) de Meg Cabot. É uma narrativa infanto-juvenil bastante conhecida, especialmente entre as adolescentes desse período, então não poderia ficar de fora desta tag Feitiços de Harry Potter.
Trata-se de um verdadeiro conto de fadas moderno, mostrando a vida de Mia Thermopolis, uma adolescente norte-americana que se descobre princesa do reino de Genovia. Para assumir o título, a personagem precisa passar por uma transformação, pois ela não era exatamente uma lady. É muito engraçado acompanhar todo esse processo registrado no diário de Mia e perceber a evolução que ela tem como personagem, enquanto vive suas aventuras, amores e dilemas.
6. Sonorus: Um livro que todos deveriam conhecer
“O Mundo de Sofia” (1991), de Jostein Gaarder, era um livro bastante comentado na minha adolescência, mas apenas ano passado tive a oportunidade de ler e foi um divisor de águas para mim. Ele mudou minha perspectiva sobre diferentes aspectos da vida ao me fazer perceber o quanto a filosofia é essencial para nos compreendermos como indivíduos e seres humanos.
A obra resume a história da filosofia de uma forma bem interessante e instigante, o que foi uma experiência diferente dos contatos anteriores que tive com essa disciplina. Os leitores são convidados a refletir junto com a personagem principal sobre si e a sociedade pela perspectiva de diferentes linhas filosóficas. É uma “viagem” que nos faz entender melhor o mundo e nosso papel nele.
Apesar de ser uma leitura fluida, não considero um livro para finalizar rapidamente devido à densidade de informações. É interessante lê-lo com calma para pensar sobre o que é dito. Eu diria que “O Mundo de Sofia” é um livro didático com jeitinho de paradidático.
7. Obliviate: Um livro ou spoiler que você gostaria de esquecer de ter lido
Um dos conceitos que me chamaram a atenção nos últimos anos foi o da palavra japonesa ikigai, que significa “razão de viver”. Ela representa um estilo de vida baseado em propósito, em que o foco está nas coisas pequenas e não apenas nas grandes conquistas. Escolhi o livro “Ikigai: os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz” (2018), de Ken Mogi, para entender melhor sobre isso e ter as orientações necessárias para preencher a mandala do ikigai.
Acontece que o livro é muito superficial. Ele tem mais o objetivo de mostrar como a cultura japonesa é centrada nesse conceito do que como as pessoas podem aplicá-lo na prática. O conteúdo não teve nada de extraordinário, que propusesse reflexões ao leitor e realmente agregasse algo valioso. Por isso, acredito que poderia ter investido meu tempo em outros livros mais completos sobre o tema.
8. Imperio: Um livro que você teve que ler para escola
“Ciranda de Pedra” (1954), de Lygia Fagundes Telles, é o tipo de livro que eu classificaria como “da escola para a vida”. Foi uma das obras lidas no período escolar que me engajaram de tal forma, que mal conseguia pausar a leitura. Superei até mesmo minha dificuldade de ler em ônibus quando estava na companhia deste livro. Isso tem muito a ver com o estilo da autora de retratar dramas e casos de forma tão real, que poderiam ser histórias do nosso dia a dia.
O leitor se envolve facilmente com as personagens de “Ciranda de Pedra”, pois a narrativa é muito fluida e bem construída, o que a torna muito envolvente. O livro brinca com a ideia da ciranda de sentimentos das pessoas, com os próprios anseios, frustrações e segredos. Ele apresenta o amadurecimento das personagens, especialmente de Virgínia, em um contexto bastante conflituoso e caótico, muito possível à nossa própria realidade.
9. Crucio: Um livro que foi doloroso de ler
Gabriel García Márquez foi bem cirúrgico em “Ninguém escreve ao coronel” (1961). É um livro curto, mas direto ao ponto, que mostra como as pessoas são esquecidas e negligenciadas pela sociedade. O coronel, personagem principal, foi um dos oficiais da revolução, mas que vive sem muitos louvores e na extrema pobreza, enquanto aguarda pela correspondência anunciando sua pensão.
A obra é caracterizada por um texto curto com uma linguagem acessível, ao mesmo tempo que é profunda, abordando temas como solidão, esperança, impunidade, injustiça e ditadura. São esses elementos que tornam a narrativa dos personagens dolorosa. O livro aborda a história e a política colombianas com ironia, fazendo diversas críticas ao esquecimento dos pobres pelas autoridades governamentais.
10. Avada Kedavra: Um livro que pode matar (interpretação livre)
“E não sobrou nenhum” (1939) é um livro que, literalmente, é uma morte seguida de outra. Escrito por Agatha Christie, é um dos melhores livros da autora na minha opinião, estando, inclusive, entre os meus preferidos. Ele foi originalmente publicado como “O caso dos dez negrinhos”, mas ao longo dos anos houve uma mudança no título, talvez pelo teor preconceituoso do termo “negro” em inglês (nigger).
O livro conta a história de um grupo de dez pessoas sem qualquer vínculo entre si, convidadas para um fim de semana na ilha do Soldado. Essa aventura, que parecia ser um momento de descanso e mordomia, torna-se uma saga cheia de mistério, suspense e mortes, de modo que todos são suspeitos, vítimas e culpados.
Agora é com você! Quais seriam as suas indicações para a book tag Feitiços de Harry Potter? Deixe nos comentários!
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